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segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Ilustração para Banco da Amazônia

sábado, 15 de janeiro de 2011

Choque de gerações.

Freqüentemente ouço amigos e conhecidos dizerem que não entendem bulufa de tecnologia, que mal sabem fazer uso dos seus próprios celulares, que isso não ficou pra eles, que nunca vão aprender a usar um computador e que seus filhos são ratos da internet e que utilizam as funções de um aparelho doméstico de maneira surpreendente. Costumo rebater dizendo que a tecnologia foi feita pra todos e que todos, um dia, vão precisar, de uma forma ou de outra, se adaptar aos novos tempos.

Tenho nítidas lembranças da época em que trabalhava numa prancheta convencional: papel, tinta nanquim, régua, esquadro, pincéis, faziam parte do arsenal artístico no qual estávamos envolvidos naquele tempo. Passava horas a fio tentando desenhar o mais perfeito possível as tipologias usuais, pra incrementar os leiautes. Agora, imagine passar uns 15 anos mais ou menos desenvolvendo uma técnica e de repente, bum! Tudo vai pelos ares: os computadores assumiram o reinado.

Demorei muito pra me acostumar com a ideia de não mais ser necessário desenhar um anúncio da forma tradicional, que tudo agora surgia como que num passe de mágica, em poucos minutos, numa tela de 15 polegadas, sem esforço algum, somente usando um teclado e um tal de mouse, que até então só conhecia pelas histórias em quadrinhos de Walt Disney.

Foi um choque, realmente! Não sabia usar aquela máquina. De que maneira continuaria o meu trabalho? E pior: achava muito difícil a aprendizagem, talvez pela repulsa mental do início pelos computadores. Como aceitar a derrota? Já via o fantasma do desemprego me rondando. Resolvi ir a luta. Fui “chato” com algumas pessoas (umas foram solícitas, outras nem tanto, mas às que me foram solícitas sou humilde e eternamente grato). Fazia muitas perguntas: como se fazia isso, como se fazia aquilo e assim fui levando e aprendendo a passos de tartaruga a operar um micro de forma profissional. O autodidatismo tornara-se importantíssimo naquele momento.

Até naquele instante só havia um computador na agência em que trabalhava e que em mais ou menos oito meses o trocaram por outro e foi posto pra escanteio. Ficou numa sala, sem uso, totalmente parado. Pensei: minha oportunidade de pôr em prática e saber se realmente vou conseguir criar num computador! Pus a mão na massa, quer dizer, no mouse e comecei a desenhar uma águia no Corel, aos finais de tarde, quando me sobrava um tempinho disponível. Ao longo de uma semana mais ou menos, já estava apto a montar anúncios e tudo o mais, conforme percebeu Carlos Chaves na época, quando viu o que eu havia feito: a águia de asas abertas propriamente dita. Perguntou se foi eu mesmo que tinha desenhado aquilo. Apressei-me em responder que sim, mas que não foi só naquele mesmo dia. Lembro-me muito bem quando ele adiantou: Não importa, já ta bom, vou já mandar buscar um computador pra ti.

A partir daí “dei asas” à minha imaginação... Foi de maneira natural mesmo, porque naquele ano ainda nem se falava em Red Bull. E fazer uso de outra substância, nem pensar. Eu tinha que ser eu mesmo.

Finalmente dominei essa tecnologia, antes que ela me dominasse. Perdi o medo da máquina, já não tremia mais e já arriscava uns desenhos bacanas no Corel Draw (coitado, tá quase saindo de linha! Gostaria que se reerguesse, mas de qualquer forma, foi um prazer conhecer...) e me sentia confortável e confiante diante dos desafios de criar os anúncios, folders e folhetos, cara a cara com o computador. A emoção da nova era já aparecia impressa em forma de alegria, prazer e dedicação no trabalho.

O que me mantinha empregado, antes de começar a usar o computador, era o fato de que na agência ainda não tinha uma impressora colorida e tiravam as letras somente com um fio envolta. E eu vinha com o meu tradicional pincel e tinta guache colorindo, uma por uma, depois de montadas no leiaute! Achava aquilo uma maravilha, mas que tinha a consciência de que esse processo estava com os dias contados e que teria que me adiantar. Recordo-me uma vez que o mesmo Carlos Chaves disse acerca da substituição do nosso talento pras artes manuais pelas artes digitais: -Tiraram nosso prazer, Paulo!

Mas não. Foi só um fôlego momentâneo. Ele mesmo percebeu isso, depois de algum tempo. Hoje é um prazer imenso ter que criar com o auxílio de um micro ou Mac. Tem todo um processo de pesquisa e dedicação em cima de cada peça publicitária, que numa próxima oportunidade vou escrever sobre isso.

O surgimento dos computadores desempregou muita gente. Mas foi só uma questão de tempo: voltou a empregar de maneira impressionante. Tudo uma questão de lógica: as empresas se informatizando e necessitando de pessoas pra assumir as áreas informatizadas. Nesse meio tempo valia quem tivesse preparação ou pelo menos buscasse isso. Eu busquei e me preparei, senão...

Palavras como internet, celular, ipod, ifone, notebook, e-mail, hotmail, etc, etc, passaram a fazer parte do nosso di-a-dia e trouxeram um dinamismo diferenciado pra vida das pessoas. O dicionário da modernidade cresce em número de páginas muito rapidamente. Há poucos meses atrás presenciei um grupo de jovens conversando sobre Internet e num dado momento um deles perguntou a outro o que seria twitter. Confesso que eu também havia acabado de conhecer essa nova nomenclatura e apesar de ser muito mais jovem do que eu e já fazer parte da geração Y, igualmente estava adaptando-se às formas atuais de comunicação propiciadas pela tecnologia da Internet.

A chamada Geração Y é aquela que nasceu e cresceu em um ambiente digital, nos tempos modernos, que trocaram seus brinquedos convencionais, carrinho e bonecas, por jogos eletrônicos e internet. Já não pedem mais um trocado pra comprar biscoitos, picolé, passear ou dar um rolé com os amigos, mas sim pra “navegarem”. Nossos filhos, sobrinhos e coisa e tal, têm uma facilidade muito maior de utilizar um computador devido ao processo natural da coisa. Fico pasmo ao ver a molecada jogando vídeo game (a expressão que fazem é de inteira interatividade e familiaridade com as máquinas) ou mexendo nas configurações de celulares e descobrindo funções que, não só eu, mas como outras pessoas, também passavam batidas.

A cada dia que passa mudamos conceitos, atitudes, comportamentos e pensamentos por causa da modernidade. O importante é saber que essas mudanças sempre são para o bem, ou pelo menos deveriam ser. É certo que há algumas exceções, mas quanto a isso, nossa tarefa é nos mantermos atentos pra resguardar a segurança de nossos filhos e demais. Os jovens já não mais buscam livros na biblioteca pública pra pesquisar, porque a internet tem de tudo. Mas assim como ela serve pra instruir, também se posiciona pra destruir. E é aí que entramos com relação aos filhos e a nós mesmos. Acredito que nossa experiência adulta, nesse momento, funciona bem para eles, através do diálogo franco e honesto. Ser moderno não é simplesmente usar e abusar da Internet de qualquer maneira. É ser seletivo quanto ao que se quer dela.

Hoje em dia desenhamos, pintamos e até bordamos (sem querer fazer trocadilho) com a ajuda do computador. Fico fascinado com o progresso das máquinas. Chego a me perguntar até onde vamos parar diante do espantoso espetáculo da modernidade, da tecnologia. Me assusto principalmente quando aprecio um filme no qual a tecnolologia exerce um verdadeiro fascínio ao anseio humano.

Diretores de cinema como Steven Spielberg e outros extravazam suas idéias imaginárias diante do imensurável recurso cinematográfico disponível à indústria do entretenimento nos dias atuais.

Outros homens de sucesso nem ao menos chegaram a conhecer um simples computador. O próprio e genial Walt Disney que criou um verdadeiro mundo de fantasias e contribuiu sobremaneira para construir uma vida melhor ao ser humano, se foi antes de vislumbrar o magestoso progresso dos computadores sobre as artes cinematográficas dos seus desenhos animados. A famosa PIXAR vem produzindo um conjunto de sonhos infantis inacreditável. Quando vi o filme Vida de Inseto pela primeira vez fiquei pasmo com o incrível e grandioso trabalho. A iluminação do filme me impressionou bastante. Cada detalhe foi cuidadosamente bem estudado e trabalhado: textura, ambientação, tudo me pareceu um sonho de criança. Isso sem falar em muitos outros filmes interessantes, ficando aqui apenas como referência ilustrativa sobre o poder dos computadores e seus recursos para as artes cinematográficas, para as artes gráficas, para o ser humano, para a vida.